2007-08-27

MATERNIDADE

A propósito de um post que li neste blog onde a autora explana o seu dilema relativamente à maternidade, queria aproveitar para aqui deixar também o meu ponto de vista não só relativamente ao tema mas também aos comentários da autora.
A começar pela minha visão do tema... sinceramente nunca foi coisa em que pensasse muito, sou casada há 7 anos e tenho um filho com 3 anitos, que não sendo programado [quem anda à chuva molha-se] foi concebido naturalmente no evoluir da minha relação e muito bem recebido [como seria de esperar].
Não sou hipócrita, pelo que digo com toda a certeza que ele é o meu "tesouro", que se lhe acontecesse alguma coisa a minha vida não voltaria a ser a mesma, que o adoro... mas também sinto alguma "saudade" do tempo em que ele não existia.
Não será novidade para ninguêm que um filho altera completamente a nossa vida (quem os tem terá mais consciência desta realidade), desde o simples facto de termos alguêm que depende de nós para lhe dar de comer, beber, agasalhar, limpar, etc até ao facto de não podermos ter uma vida como antigamente (adeus jantaradas, saidas à noite, fins de semana não programados...)
Pessoalmente, eu tenho a vantagem de ter pais e sogros por perto o que dá sempre jeito... apesar de agora o filhote já acompanhar alguns programas, as saídas à noite por exemplo são sempre feitas com a ajuda dos avôs que se disponibilizam para ficar com ele uma noite. Claro que não há saidas todos os dias ou todos os fins-de-semana, mas cá se vai arranjando.
Um filho não é um empecilho... dá trabalho (dá), depende de nós (depende), não o vamos deixar todos os dias em casa dos avôs (não vamos) mas tem o seu quê de engraçado, o seu quê de amor, o seu porquê de o adorarmos!
Eu trabalho desde os meus 18 anos (tenho agora 30) e não me vejo como dona-de-casa... aliás durante a licença de maternidade (que foram 3 meses) a meio já eu sentia saudades do trabalho, dos colegas, de sair de manhã, de andar numa correria a resolver problemas... Isso não faz de mim pior mãe que uma que esteja 24 h por dia com o seu filho.
Sou mãe, mas antes de o ser já era mulher com vida pessoal e profissional e, apesar de ter tido que alterar algumas coisas, não deixei de ser antes de mais MULHER!
Quanto o post da Blimunda Sete Luas gostaria de deixar alguns comentários:
Primeiro: Infelizmente é uma verdade que, apesar do séc.XXI já ter chegado há algum tempo, uma mulher que não tenha filhos por opção ainda é mal vista na nossa sociedade (infelizmente vivemos numa sociedade mesquinha e nada há a fazer). Mas isso é o menos importante da nossa vida, chatearmo-nos com o que os outros pensam? Avante, que para a frente é o caminho!
Segundo: Verdade seja dita que os bebés (enquanto o são) são extremamente dependentes de nós, mas como todos nós adquirem a sua autonomia dia-a-dia até chegar o dia em que não precisam de nós para nada (ou quase, quanto mais não seja precisam de ser sustentados :)
Não sei se a Blimunda terá alguma vez acompanhado o crescimento de um bebé (pelas suas palavras leva-me a crer que não) mas para uma mãe/pai assistir ao primeiro sorriso, à primeira papa, aos primeiros passos, à primeira refeição pelas mãos deles, etc, é um motivo de orgulho e uma sensação que não se descreve em palavras.
Terceiro: A questão do parto que coloca é de todas a mais relativa. Eu estive 38 semanas com o meu filho dentro de mim, 34 das quais a trabalhar, a conduzir, a ir ás compras, a sair... enfim a fazer a minha vida normal. Não sei o que é um enjoo, um vómito... não conheço nenhum dos sintomas associados à gravidez. Tive sorte, talvez!
Quarto: As "delicias da maternidade" não são de todo delicias, antes pelo contrário. Não é de todo agradável acordar a meio da noite com choros de fome ou de sujidade, passar noites no hospital, mudar camas e roupas porque houve um descuido... Mas quando um belo dia acorda com uma criança ao lado da sua cama a dizer " Mamã, já fiz xixi, quero ir para a tua cama" garanto que todos esses "mau-bocados" são esquecidos.
Concordo plenamente com a Blimunda que não nos devemos perder na nossa individualidade, e por isso reafirmo que antes de mais sou mulher com vida pessoal e profissional. Não quer com isto dizer que deixe o meu filho para segundo plano.
O que interessa e afinal conta é a nossa opinião, o que queremos da vida... se isso incluir um filho que seja bem vindo e bem tratado óptimo! Se não passar por esse lado ninguêm é pior mulher por tomar essa opção.
Por tudo isto (e porque o post já vai muito longo) permita-me a Blimunda deixar-lhe apenas um "conselho": Faça o que tem de fazer, estude, trabalhe, viaje.... se é isso que a faz sentir realizada. Parece-me que tem plena consciência do que diz e sente e isso, minha cara, é de todo o mais importante. Se a decisão é essa, esqueça lá os prazos de validade que há iogurtes que mesmo fora de prazo continuam muito saborosos.
Xau!

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